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Não queria avaliar o tempo como quem pretende

encaixotá-lo em dois ou três argumentos convencíveis.

 

Penso em árvores.

 

Penso na empresa quimérica de plantá-las em terrenos

baldios já com frutos e ninhos. Ninhos com ovos, aliás.

 

Como transportar um jatobá de Diamantina a BH, por

exemplo, desses cujo tronco mediria um abraço? O

meu, pra ser mais precisa.

 

Antes, no entanto, como retirá-lo de lá?

 

Hipótese 1: tempo tem a ver com logística.

 

E que garantias haveria na continuidade do jatobá em

questão em espaços e contextos adversos? Como ele

reagiria em sua majestuosa fixidez de planta? Suas

raízes, elo necessário para o fluxo da vida, se

rebelariam? Em que proporção sentiriam o impacto de

umadesterritorialização, sem acordo prévio tácito, para

uma experiência de replantio?

 

Hipótese 2: resposta “treta” o tempo todo com o

tempo e dele se retroalimenta.

 

Hipótese 3: tem mais poesia numa semente

que desponta da terra, ainda que morra 24

horas depois do esforço, que enxertos de

realidades maduras que decoram cenários

programas de auditório.

 

Sim! Enquanto organizo a agenda

doméstico-profissional dos próximos quatro

dias, matuto: será que alguma das quinze

galinhas do vizinho, que cismaram de ciscar

no meu quintal, botará um ovo por aqui?

Juliana Leal

Planta

© 2016 Editado com ♥ pela equipe da Revista Um Quê

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