Não queria avaliar o tempo como quem pretende
encaixotá-lo em dois ou três argumentos convencíveis.
Penso em árvores.
Penso na empresa quimérica de plantá-las em terrenos
baldios já com frutos e ninhos. Ninhos com ovos, aliás.
Como transportar um jatobá de Diamantina a BH, por
exemplo, desses cujo tronco mediria um abraço? O
meu, pra ser mais precisa.
Antes, no entanto, como retirá-lo de lá?
Hipótese 1: tempo tem a ver com logística.
E que garantias haveria na continuidade do jatobá em
questão em espaços e contextos adversos? Como ele
reagiria em sua majestuosa fixidez de planta? Suas
raízes, elo necessário para o fluxo da vida, se
rebelariam? Em que proporção sentiriam o impacto de
umadesterritorialização, sem acordo prévio tácito, para
uma experiência de replantio?
Hipótese 2: resposta “treta” o tempo todo com o
tempo e dele se retroalimenta.
Hipótese 3: tem mais poesia numa semente
que desponta da terra, ainda que morra 24
horas depois do esforço, que enxertos de
realidades maduras que decoram cenários
programas de auditório.
Sim! Enquanto organizo a agenda
doméstico-profissional dos próximos quatro
dias, matuto: será que alguma das quinze
galinhas do vizinho, que cismaram de ciscar
no meu quintal, botará um ovo por aqui?