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Aristóteles, inventor do relógio

(ou Um clamor por Dali)

 

Não confiem, meus caros, nos relógios.

Eles correm o dia inteiro.

Dão milhares de voltas.

Mas estão sempre no mesmo canteiro.

 

Não confiem, pois, nos caros relógios.

Eles disparam setas.

Sem trajetórias retas.

E sem qualquer paradeiro.

 

Não confiem, pelo amor de deus,

nos relógios.

Eles se agitam a noite inteira.

Fazem ritmos e rodeios.

E apesar do movimento,

estão apenas cumprindo um roteiro.

 

Não confiem, portanto, pelo amor de deus,

meus caros, nos relógios.

Por estarem presos

querem aprisionar o tempo.

Gustavo Ruckert

Aristóteles, inventor do relógio

© 2016 Editado com ♥ pela equipe da Revista Um Quê

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